domingo, abril 14, 2013

Dois mil e doze,


Goiânia, 30 de Dezembro de 2012.
Dois mil e doze,
Esse ano eu não comi panetones, nenhum pedacinho. Esse ano eu não comi rabanada ou leitoa assada. Esse ano eu não tomei vinho, não vi os fogos de artifício e nem dei abraço de “feliz natal”.
Disseram que esse ano o mundo acabaria, mas não acabou. Nesse ano eu me decepcionei com quem eu imaginava ser intocável, acima de qualquer suspeita, a melhor pessoa do mundo. Esse ano eu também me descobri como ser humano fraco, capaz de sentir ódio. Eu me vi amando e, ainda tremo de pensar o contrário, me vi amada! Não como filha, ou irmã, ou amiga, mas como mulher.
Trabalhei muito. Não estudei nem chorei como de costume. Dormi pouco. Me organizei mais. Me amei mais. Quase não escrevi, também.
Me amei mais. Me dei conta do quanto gosto de ser verdadeira, de ser honesta. Percebi, esse ano, que não é dever das pessoas de quem gosto e por quem me dedico, fazer o mesmo por mim, muitas delas, ainda, vão usar todo esse amor e toda essa dedicação para si mesmas, tirando todo o proveito possível e ainda se insultarão se eu, por fadiga, não as quiser mais tão perto.
Esse ano eu descobri que a saudade, muitas vezes, não tem jeito. Mas que quando ela tem jeito, pode ser a sensação mais doce do mundo, mesmo que seja uma saudade de minutos, matada por um sms.
Descobri que ouvir um “eu amo você” de uma criança pode aquecer o coração como o sol. E, falando em sol, descobri que ele pode brilhar de várias maneiras: na gargalhada da gente, no reencontro de uma pessoa que a gente não vê há anos, no abraço de uma pessoa amada que procura te orientar, na fúria contra alguém que nos decepciona, na calmaria do toque de um amigo que procura nos acalmar.
Esse ano eu também não comi ovos de páscoa. Esse ano eu não enchi a cara, não bebi até cair. Esse ano eu não dancei até perder as forças.
Pensando bem o mundo, em dois mil e doze, acabou sim. O mundo de uma pessoa que acreditava que “se você é bom, o mundo será para você”, como recompensa. E, falando nisso, esse ano minha família ficou de luto, da maneira mais cruel e injusta que pode acontecer. Pessoas morrem, mas serem assassinadas, sem explicação, por inveja ou recalque? Vai continuar essa interrogação para sempre com a minha família.
Em dois mil e doze eu aprendi que se você tiver que ser bom, deverá ser por si mesmo, independente do resto do mundo, do cosmo, ou do resto, só por você.
Esse ano eu fui madrinha de casamento, outras duas vezes, mas agora, das minhas melhores amigas.
Então, o mundo em dois mil e doze acabou mesmo, o mundo das crianças que conviveram comigo, crescemos, não de um ano para o outro, mas ano após ano.
Vi o mais gordinho dos gordinhos comer salada, perder peso e querer sua vida saudável! Vi o gay se assumir para a família. Vi o meu medo correr de mim porta a fora. Esse ano eu vi o vacilão pedir desculpas e a piriguete amar de verdade, capaz de abandonar um esquema legal por uma pessoa correta.
Esse ano eu ganhei momentos lindos, com pessoas simples, humildes, puras, como eu sempre sonhei.
Esse ano eu quis um cachorro, uma bicicleta, economizar dinheiro, emagrecer, engordar. Planejei comprar um apartamento, sair do emprego, me livrar de tudo o que não preciso, organizar a casa. Em dois mil e doze eu não viajei, mas quis aprender alguma arte, (dança, música, canto, pintura, luta), permanecer com o meu namorado.
Esse ano não foi muito diferente dos outros. Foi importante, pois de tudo que vem na vida para ensinar, pela primeira vez, eu aprendi mais com as minhas decepções.
Esse ano eu desejei muito que março começasse, que agosto acabasse e que dezembro chegasse.
Eu contei que não comi chocolates, por gratidão a Deus pelas vitórias desse ano?
Preciso agradecer a esse ano, pela fibra que aprendi a ter, pela saúde daqueles que permanecem na minha vida e minha, é claro. Preciso agradecer a esse ano, por me permitir fazer pelos planos para o ano que vem.
Que os meus amigos que se reproduzem de longe, se acheguem mais, que sua prole seja eternamente abençoada. Que o amigo que formou a sua banda se realize sempre mais para o ano que vem, que o amigo que casou seja muito abençoado em todos os seus relacionamentos e que a amiga que escafedeu-se reapareça, feliz.
Esse ano eu lembrei que sou uma pessoa de poucos amigos, de amigos distantes, velhos, novos, batalhadores, mas poucos, verdadeiros e, principalmente presentes!
Obrigada, Deus, por dois mil e doze.
Atenciosamente,
Kamila Santos de Paula.

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